Estudo que resultou na tese “Germinação, dormência, composição lipídica e alterações bioquímicas de sementes de Urochloa spp durante o armazenamento em duas condições” tem caráter inovador por não ter publicação científica que inclua análise do perfil lipídico no início e final do período de armazenamento dos sete principais cultivares da espécie popularmente conhecida como braquiária. Resultados dos experimentos representam contribuição às empresas que comercializam sementes, no tocante às decisões sobre o manejo de lotes, e nisso inclui o tempo de armazenamento.
A tese foi desenvolvida por Giovana Ferraresi Guimarães, graduada em Tecnologia em Biotecnologia pela Universidade Federal do Paraná, com a orientação da professora Dra. Ceci Castilho Custódio e coorientação do Dr. Alessandro de Lucca Braccini, em projeto de cunho interinstitucional envolvendo a Unoeste e a Universidade Estadual de Maringá (UEM). O trabalho teve a colaboração do Dr. Nelson Barbosa Machado Neto, da Unoeste. A qualidade da pesquisa resultou na obtenção de bolsa junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
A banca examinadora foi formada pela Dra. Ana Claudia Pacheco Santos e Dr. Tiago Benedito dos Santos, da Unoeste; e pela Dra. Martha Freire da Silva e Dr. Wanderley Dantas dos Santos, da UEM. Os experimentos ocorreram no Laboratório de Análise de Sementes, no campus 2 da Unoeste em Presidente Prudente; junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia. O mesmo no qual Giovana fez o mestrado e agora o doutorado, sendo aprovada para receber o título de Doutora em Agronomia. Pela mesma instituição possui especialização em Microbiologia.
Para conhecer melhor
A orientadora explica que as sementes de Urochloa spp são utilizadas para instalação de pastagens e como plantas de cobertura para instalação de culturas como milho e soja em sistema de plantio direto, que é uma técnica que protege o solo e melhora as condições físicas e biológicas no mesmo. “No entanto, ainda não se conhece bem as sementes das espécies desse gênero, como o comportamento das mesmas em armazenamento em boas condições quanto a perda de germinação por deterioração ou ganho devido à perda de dormência”, pontua.
Ela conta que na pesquisa foram incluídos os sete principais cultivares de Urochloa spp, cultivados para produção de sementes e explica que, além do comportamento fisiológico durante o armazenamento por dois anos, houve o acompanhamento das alterações bioquímicas como produção de radicais livres e atividade dos sistemas protetores como atividade de enzimas antioxidantes. “O acompanhamento do perfil lipídico no início e final do período de armazenamento foi inovador, pois não se conhece publicações que incluam essa análise”, afirma.
Dr. Tiago, Dra. Ceci, Giovana, Dra. Ana Cláudia e Dr. Nelson; e na tela o Dr. Wanderley, Dr. Alessandro e Dra. Martha (Foto: Homéro Ferreira)
No Laboratório de Análise de Sementes, as sementes estudadas foram mantidas a 20 graus centígrados em caixas vedadas de forma hermética cujo interior foi mantido com umidade relativa controlada de forma a manter as sementes com 6,5 e 10,5% de teor de água em base seca. “Assim no primeiro caso a semente ficou em estado ultra seco e na segunda em uma condição que permite maior atividade metabólica. As sementes foram amostradas a cada três meses para a realização das análises fisiológicas e bioquímicas. As análises lipídicas foram realizadas no início e final do armazenamento”, relata.
Tempo de armazenagem
“Nosso estudo indicou que ocorreu maior atividade metabólica nas sementes que ficaram em estado mais úmido e que as duas condições permitiram a conservação das sementes pelo período de 24 meses, mostrando que as sementes de forrageiras se comportam como as demais amiláceas [sementes que têm o amido como principal forma de reserva], sendo ortodoxas bastante resilientes ao armazenamento”, explica tecnicamente.
Conforme a orientadora, houve acúmulo de um radical livre chamado peróxido de hidrogênio que foi identificado como uma molécula sinalizadora em quantidades mais baixas contribuindo para a perda da dormência e, em maiores quantidades, com deterioração, principalmente nas etapas finais do armazenamento. “Foi possível constatar uma mudança no perfil lipídico com diminuição de ácidos graxos insaturados”, diz sobre dados obtidos com a pesquisa.
“O estudo indicou a possibilidade de utilização do conteúdo de peróxido de hidrogênio nas sementes como complementar ao teste de germinação para verificação da qualidade das sementes de pastagens durante o armazenamento, e auxiliar nas decisões necessárias para manejo de sementes por empresas, como lotes que podem permanecer mais tempo armazenado, lotes que apresentam maior qualidade para serem revestidos, lotes que devem ser destinados a integração com lavoura, etc.”, encerra a Dra. Ceci.
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